quinta-feira, 18 de outubro de 2018

DESFRUTANDO DA PRESENÇA DE DEUS


Certa vez, um homem aproximou-se de um sábio monge sentado sob uma pedra, o qual contemplava tudo a sua volta com imensa alegria e satisfação. O homem perguntou-lhe:
- O que vês?
- Vejo Tudo - respondeu o sábio.
- Duvido, já vistes Deus? - contrariando o monge.
- Sim, estou olhando para Ele.
- Como assim? Dissestes que eu sou Deus?
- Não só tu, como tudo a tua volta, eu, os pássaros, a estrada, o céu e as nuvens, a lua e o Sol, o vento, a briza, o ar que tu respira, a comida que tu come, e aquilo que também não é visto.

   Procuramos a presença do Divino muitas vezes em templos, mesquitas, em montanhas, no meio da floresta, numa oração, numa rápida prece, mas esquecemos que a presença de Deus é nossa própria essência e, portanto, é a essência de tudo que há. Já dizia Krishna, no Bhagavad Gita, que Ele mesmo está em todos e em todas as coisas, residente do coração de todos os seres animados e inanimados, ali é a Sua morada.

   O conselho que Krishna dava às gopis era a de que, por onde forem, lembrassem de que Ele não estava na aldeia, mas estava em seus corações. Podiam-Lhe encontrar na cachoeira, assim como dentro de casa, no altar do templo e no trabalho. Deus não pode ser separado, não há como! Como
pode alguma coisa, em verdade, estar separada?

   No mundo das ilusões (mundo de maya) o que prevalece é a dualidade. Tudo bem a dualidade existir, afinal, é o grande jogo de Deus, isso faz parte de Sua brincadeira. Se pudéssemos visualizar as coisas como são, em uma forma concreta, poderíamos ver todas as coisas do mundo e, logo atrás dela, o único e indivisível Krishna. Ou seja, por trás de todas as dualidades e de todas as coisas do mundo está Deus.

  Olhe para a palavra "Deus". Por si só, ela é vazia, uma ideia, um conceito, uma rápida lembrança que nos vêm de alguma religião, provavelmente a cristã, a católica. A palavra "Deus" pode denominar o indenominado? Pode definir o Indefinível? Pode distinguir o Indistinguível? Os sábios, os iluminados, os aspirantes nos respondem que não. Em meditação, quando a mente se acalma, quando as impulsividades do corpo relaxam, o que resta é a Presença Divina do Todo.

   É óbvio que para escrever esse texto precisamos das mais diversas palavras e conceituações, sem isso, não poderíamos entender a mensagem desse escrito. Porém, as vezes, é preciso relaxar a mente, aquietar suas impulsividades para perceber que, em verdade, só há Deus. Nunca houve outra coisa, outro alguém outro assunto se não Deus.

   A própria vida é Deus. Afinal, se pergunte: De onde vem os pensamentos? De que força vem os pensamentos? Você pode responder-me: "Do cérebro, é claro!" Porém, em meditação, nos estados de transe mais profundos, quando a mente cessa pelo estado de não-mente conhecido pela Advaita Vedanta (filosofia do não-dualismo hindu), fica claro que a verdadeira fonte de pensamentos é algo além do cérebro, quando todos os conceitos mentais caem, o que é que resta? Pode o cérebro desligar a ele mesmo? Onde fica, afinal, a chave que o desliga?

   A fonte de tudo é Deus, a essência, o Sat-Chit-Ananda para os hindus e o Espírito Santo para os católicos. Desfrute da Presença de Deus onde quer que você esteja, lendo essas palavras, olhando para as flores, percebendo o pulsar de seu coração. Tudo é o amor de Deus. Em verdade, não há absoluta distinção entre Deus e amor, nas palavras. Deus é exatamente o mesmo conceito e significado que amor. Quando todos os tons de egoísmo e de eu pessoal cessam, apenas resta o amor, essa experiência é Deus.

  Desfrute do amor onde quer que esteja. A vida que o norteia é amor, o calor do Sol tocando-lhe é amor, o ar que respiras é amor. Abra seu coração para sentir o Divino imanente em todas as partes. Sente-se, relaxe sua mente, entregue seu corpo e perceba que você, o indivíduo, é só um galho de uma grande árvore chamada Deus, um pequeno dedo da Mão Divina, uma pequena expressão de Sua imensidão.

   Você não está separado de Deus e, portanto, de todos os outros e de todas as outras coisas. Nunca existiu "outro", que bobagem! É saindo do ego pessoal que se pode presenciar a Graça de Deus que a tudo permeia. Desfrute dessa presença todo amorosa, indispensável pois, afinal, é nossa existência.


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